quinta-feira, 6 de maio de 2010

A PROFUNDIDADE DO AMOR


É interessante pensarmos sobre nossa atual cultura, em que vemos palavras e atitudes sendo traduzidas como amor. Afinal o que é o amor? Renato Russo na canção “Monte Castelo”, utilizando-se da primeira carta de Paulo aos Coríntios e de Camões, e escreve em uma das estrofes: “Estou acordado, e todos dormem, todos dormem, todos dormem. Agora vejo em parte, mas então veremos face a face. É só o amor, é só o amor, que conhece o que é verdade...”.

De fato, é só o amor que conhece a verdade. No grego encontramos o amor em três dimensões: enquanto eros, philia e agape. Eros é o amor que desperta desejo, atração, “envolvimento carnal”. Philia um amor proveniente da amizade e Agape o amor paternal. Todo ser humano tende a passar por estas fases, em nossa contemporaneidade o que percebemos é que as pessoas ainda não compreenderam o sentido do amor e suas dimensões.

Uma vez que este amor não é por nós compreendido, nos perdemos em nossos sentimentos, temos “medo de amar”, pois não tendo conhecimento dele, fica difícil vivenciá-lo. Acredito que a maturidade do ser humano vai chegando a medida em que ele se descobriu e se compreendeu nestas três dimensões. Freud compreendeu magnificamente a força que a libido exerce sobre nós por meio das pulsões, em seus estudos encontra o eros já presente na sexualidade infantil, ao se referir às repressões sexuais e ao complexo de Édipo e acrescentamos aqui as experiências vividas ao longo da história. Amor philia, Santo Agostinho faz referência a seus amigos, o quão estes eram importantes em sua vida, enquanto partilhavam suas vidas e na resolução de questões que esse pensava. O amor enquanto agape utilizamos como exemplo o encontrado no cristianismo, na figura de Deus como Pai, aquele que possui um amor incondicional por seus filhos. Conforme nos narra o evangelista Lucas ,na passagem do filho pródigo, esse pega a parte da herança que lhe cabia e gasta irresponsavelmente, quando se arrepende e retorna para casa, é acolhido pelo Pai, que não o culpa, nem o pune, mas apenas o ama e o acolhe novamente.

Adentrar as profundezas do amor é permitir-se descobrir e também abrir-se ao outro, é processo de alteridade constante, o outro nos revela. À medida que vamos deixando cair às resistências e os equívocos que nos foram introjetados ao longo a vida, vamos nos afastando da efemeridade e vamos abraçando a essencialidade, em busca da verdade que é o amor.

Portanto, a cada momento é tempo de se descobrir, de se dar à oportunidade para amar e ser amado, somos seres dotados de sentido, e só o amor pode dar sentido a vida humana. Deixe-se perpassar pelo amor. Na canção “O sol da meia noite” da banda Rosa de Saron, encontramos uma belíssima estrofe que nos fala: “É estranho e difícil te dizer que está tudo bem. Se há alguma coisa, então venha entender. O quanto só você pode dar um simples passo de cada vez. O sol da meia-noite aqui existe. Você pense, pare. Veja que o amor resiste. Olhe, prova, sente, toca”. O ser humano nasceu do amor e para o amor, retire as resistências, amar é respeitar-se, é respeitar o outro, é tornar-se e também tornar o outro feliz . "Ama e fazes o que quiseres" Santo Agostinho.

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