sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

SOLENIDADE DE SANTA MARIA, MÃE DE DEUS


Maria é aquela que é modelo de humildade, fidelidade e obediência, sua vida foi uma entrega total a Deus. Assim para nós, Maria é tipo da Igreja, exemplo a ser seguido, pois acreditou no Amor através dos dizeres do anjo “não temas, Maria! Encontraste graça junto de Deus” (Lc 1,30). Realmente, foi o Amor quem a sustentou, por meio dela nasceu (encarnou-se) Jesus, Filho de Deus, “que não usou de seu direito de ser tratado como um deus, tornando-se semelhante aos homens” (Fl 2,6-7), exceto no pecado, possuidor de duas naturezas: divina e humana. Maria assim, recebe esse título de Mãe de Deus (Theotokos – Concílio de Éfeso – ano 431), em virtude de ser mãe de Deus-filho (segunda pessoa da Santíssima Trindade).
Na Constituição Dogmática Lumen Gentium, sobre a Igreja, no capítulo VIII, o Concílio Vaticano II declarou: “Efetivamente, a Virgem Maria, que na anunciação do Anjo recebeu o Verbo no coração e no seio, e deu ao mundo a Vida, é reconhecida e honrada como verdadeira Mãe de Deus Redentor. Remida dum modo mais sublime, em atenção aos méritos de seu Filho, e unida a Ele por um vínculo estreito e indissolúvel, foi enriquecida com a excelsa missão e dignidade de Mãe de Deus Filho; é, por isso, filha predileta do Pai e templo do Espírito Santo, e, por este insigne dom da graça, leva vantagem à todas as demais criaturas do céu e da terra. Está, porém, associada, na descendência de Adão, a todos os homens necessitados de salvação; melhor, «é verdadeiramente Mãe dos membros (de Cristo)..., porque cooperou com o seu amor para que na Igreja nascessem os fiéis, membros daquela cabeça». É, por esta razão, saudada como membro eminente e inteiramente singular da Igreja, seu tipo e exemplar perfeitíssimo na fé e na caridade; e a Igreja católica, ensinada pelo Espírito Santo, consagra-lhe, como a mãe amantíssima, filial afeto de piedade” (LG 53).
É interessante observarmos que em Maria há um esvaziamento, da mesma maneira que vemos na pessoa do Filho (kenosis). Se com Adão/Eva tivemos um fechamento baseado no “orgulho e na desobediência” (Cf. Gn 3), em Jesus/Maria temos um novo tempo inaugurado, o tempo de restauração da “imagem e semelhança de Deus”, desfigurada pelo pecado, é Jesus com sua humildade, fidelidade, obediência e auto-oblação que sintetiza o que escreveu o evangelista João “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1), reconciliou o mundo com o Pai, “pois era Deus que em Cristo reconciliava o mundo consigo, não imputando aos homens suas faltas e pondo em nós a palavra da reconciliação” (II Cor 5,19). Foi nessa força do amor que Maria também acreditou e colaborou desde a anunciação para a obra da Salvação.
Portanto, como ela também somos convidados a ouvirmos a Palavra, não a palavra que nos mata, que nos leva a decadência, mas a Palavra que nos salva, liberta e nos eleva, que é o próprio Jesus, Filho de Deus, tudo converge para ele. Maria só é mãe de Deus por meio do Filho, isso implica dizer que tudo nela é cristocêntrico. Assim, como Maria acolheu a Palavra, também saibamos acolhê-la, afim de que a graça de Deus também nos eleve, porque “não há temor no amor: ao contrário: o perfeito amor lança fora todo o temor” (I Jo 4,18), permitamo-nos ser elevamos por tal força, através de nosso pensar (ortodoxia) e agir (ortopraxis), e que todo o nosso ser também proclame: “agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso. Depôs poderosos de seus tronos, e a humildes exaltou” (Lc 1,51-52). Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós!