segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

“CONVERTEI-VOS E CREDE NO EVANGELHO” Mc 1,15



A proposta apresentada por Jesus consiste em dois momentos fortes, o primeiro a mudança de pensamento – metanóia –, e o segundo crer em sua Palavra.

Diante do aspecto da transformação, que nominamos de arrependimento e conversão, é nos feito um convite de mudarmos nossas atitudes, nossa maneira de proceder, e para além de tal mudança somos convidados a aderir a uma nova forma de viver – reconfigurar nossa vontade à de Cristo -, seguindo por outro caminho, este caminho é o caminho do Senhor (anunciado por João Batista), é o projeto do Reino de Deus, que se traduz em justiça, solidariedade e amor. Esse novo estilo de vida foi vivenciado pela comunidade dos discípulos de Jesus, por Paulo e pelos seguidores de Cristo. Podemos traduzir essa nova maneira de viver em Cristo como vida no Espírito. Paulo mediante seu processo de adesão à Cristo compreende que “foi ele quem nos tornou aptos para sermos ministros de uma Aliança nova, não da letra, e sim do Espírito, pois a letra mata, mas o Espírito comunica a vida” (I Cor 3,6).

Jesus rompe com um sistema baseado em leis que apenas impunha fardos pesados sobre os mais fracos, “o ladrão vem só para roubar, matar e destruir. Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Foi subversivo às leis da religião de sua época e propôs um novo modelo de convivência, no qual a vida está acima de toda lei, pois o seu fundamento consiste exclusivamente no Amor (auto-oblação / kénosis). Para demonstrar tal atitude de Jesus vemos a cura do homem com a mão atrofiada em dia de sábado. “É permitido, no sábado, fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou matar? Eles porém, se calavam” (Mc 3,4). E ainda no capítulo anterior outra boa nova: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado; de modo que o Filho do Homem é senhor até do sábado” (Mc 2,27-28).

Baseado no anúncio e nos feitos de Jesus, o nosso acreditar neste Deus da vida e da esperança é que fortalece a nossa caminhada enquanto peregrinos neste mundo. “Por conseguinte, só acreditando é que a fé cresce e se revigora; não há outra possibilidade de adquirir certeza sobre a própria vida, senão abandonar-se progressivamente nas mãos de um amor que se experimenta cada vez maior porque tem a sua origem em Deus” (Porta Fidei 7).

Assim, crer é sustentar algo em nós, e a fé que é dom de Deus, é uma estrada segura, e quando seguida é então capaz de conduzir o ser humano para além das intempéries deste mundo e transformar as realidades humanas. Quantas situações que nos aflige em nossa hodiernidade? As drogas, o consumismo, o hedonismo, o individualismo, o indiferentismo, o nihilismo, etc. “É a fé que permite reconhecer Cristo, e é o seu próprio amor que impele a socorrê-Lo sempre que Se faz próximo nosso no caminho da vida. Sustentados pela fé, olhamos com esperança o nosso serviço no mundo, aguardando «novos céus e uma nova terra, onde habite a justiça» (2 Ped 3, 13; cf. Ap 21, 1)” (Porta Fidei 14).

Portanto, permitamo-nos ser ressignificados pelo Senhor, que seus ensinamentos e gestos nos motivem a crer em sua Palavra, que nos liberta de todas as realidades, ele foi quem pelo seu processo de entrega total “nos amou até o fim” (Jo 13,1), fazendo-nos compreender que a última palavra não é a morte ou o mal, mas o amor.

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